
Capítulo 1: “Terapia Canina”? Ah, tá… Mas no Fim, Até Eu Admito que Ajuda
Pra ser sincero, essa de “terapia canina” me soa como invenção humana. Pra que tanta frescura se a gente só quer um osso e um cochilo no sofá? No meu tempo, cachorro era cachorro, e o máximo de “terapia” que a gente dava era latir pro carteiro. E a gente era feliz do mesmo jeito.
Mas, vá lá, até eu, o Rex, tenho que admitir que nossa presença parece ter um efeito estranho na cabeça de vocês. Vocês, humanos, são complicados: estressados, preocupados com contas, com o trabalho. E a gente? A gente só quer carinho, comida e uma boa caminhada. Talvez seja essa simplicidade que descomplica a vida de vocês.
Já vi a Carola e a Lupita falarem de estudos sobre a “conexão humano-animal” e como isso ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade e até a solidão. Parece que ter um de nós por perto faz vocês produzirem menos cortisol (o hormônio do estresse) e aumentam a ocitocina (o hormônio do amor, ou algo assim). Eu só sei que é bom.
A gente não faz muito esforço. A gente só é. Te acorda com um focinho frio, te lembra que é hora de comer, te obriga a sair de casa pra uma caminhada. E quando vocês estão tristes, a gente só encosta a cabeça no colo. Menos luxo e mais tempo de focinho no vento, isso sim é vida de cão! Se isso ajuda vocês a ficarem menos ranzinzas e mais dispostos a me dar um biscoito, quem sou eu pra reclamar?
Capítulo 2: Mais Que um Cheiro Ruim no Sofá: Como a Gente Mexe com a Cabeça (e o Corpo) de Vocês
Acham que somos só um aquecedor de sofá? Engano. Grande engano. A gente tem uma fórmula secreta pra baixar a pressão de vocês (e, claro, te forçar a caminhar, porque alguém tem que garantir que a matilha não vire um bando de preguiçosos). E sim, até o sono de vocês melhora. Não me agradeçam, é só o que a gente faz.
Nos meus 35 anos caninos, já vi muito humano se achando esperto. Acham que são eles que nos treinam. Pff. A gente opera nas sombras, baixando a pressão arterial de vocês sem que percebam, só com aquela patinha no colo ou uma olhada de esguelha. É um jeito prático de manter vocês calmos, sabe?
E essa história de caminhada? A gente, com nossa estratégia impecável de “hora do xixi”, garante que vocês se mexam. É pro bem de vocês. Uma boa caminhada matinal, com cheiros novos e uns latidos estratégicos, é o que há de melhor pra circulação, ou seja lá o que a Carola diz que é bom pra vocês.
Ah, e o sono? Não me venham com essa de “insônia”. É só deixar a gente na cama que o problema se resolve. Aquele calorzinho, o ronco suave (o meu, claro), e pronto: vocês apagam. É a nossa maneira de garantir que estejam descansados pra próxima rodada de carinhos, petiscos e, claro, mais caminhadas. Sobre os benefícios à saúde cardiovascular, vocês podem conferir mais detalhes em Capítulo 5. Somos terapeutas, personal trainers e máquinas de ruído branco, tudo em um pacote só. De nada.
Capítulo 3: Chega de Lero-Lero: O Que o Humano GANHA de Verdade
Tá, chega de mi-mi-mi e de conversinha fiada. Vocês, humanos, vivem reclamando de solidão, de falta de propósito, de estresse. E a gente, com quatro patas e um rabo abanando, tá aqui, na frente de vocês, sendo a solução mais simples e eficaz que existe. E o melhor: a gente não cobra caro, só um cantinho no sofá e o pote cheio.
Solidão? Conversa. Vocês têm a gente. Quem mais vai te receber na porta com uma festa toda vez que você volta pra casa, mesmo que tenha saído só pra jogar o lixo? Ninguém. A gente é companhia constante, um grude que não te julga, só te ama. Isso é mais valioso que qualquer terapia cara.
Propósito? Ah, sim, essa é boa. A gente te dá um motivo pra levantar da cama. Principalmente na hora de encher o pote de ração. Ou quando a bexiga aperta e o passeio não pode esperar. A responsabilidade de cuidar de um ser que depende de você… isso sim dá um norte. E um bom motivo pra não ficar deitado até meio-dia.
E o estresse? O que é melhor pra descontrair do que um rabo abanando e uma lambida na cara depois de um dia de trabalho? Ou aquela caminhada no parque, onde a gente te arrasta, te obrigando a respirar ar puro. É mais eficiente que meditação ou yoga. Menos tela e mais focinho no vento, essa é a receita do cão velho aqui. Pra mais informações sobre a “terapia canina”, vejam o que discutimos no Capítulo 1. Simples assim. A gente melhora a vida de vocês. E vocês, em troca, enchem nosso pote. Parece um bom negócio pra mim.
Capítulo 4: E Não Venha com Essa de Que É Só Amor: Os Perrengues da “Convivência Terapêutica”
Ah, pensaram que era só flores e biscoitos, né? Que a gente ia ser só amor e lambeijos? Grande engano, meus caros. Essa tal de “convivência terapêutica” é mais perrengue do que muita gente imagina. Não me venham com essa de que é tudo perfeito, porque a realidade é bem diferente do que mostram nos filmes.
Primeiro, a sujeira. A gente cura, sim, mas também faz uma sujeira daquelas. Pelo para todo lado, pata suja, e uns acidentes aqui e ali quando a bexiga aperta ou a barriga resolve dar o ar da graça. E não venha com essa de que é só treinar, porque até os mais velhos, como eu, têm seus dias de esquecimento. Já vi muito humano reclamar que a casa virou um chiqueiro. A gente vive, a gente suja.
Depois, a mastigação. Os filhotes parecem anjinhos, mas são máquinas de triturar tudo. Móveis, chinelos, controle remoto. E mesmo os mais velhos, às vezes, se empolgam. Mastigar é terapêutico pra gente, mas um terror para o bolso do humano.
E, por favor, não venham com a balela de que é de graça. Amor de cachorro não se compra, mas a manutenção da fera tem um custo. Ração de qualidade, veterinário para vacinas e check-ups, brinquedos, e claro, os biscoitos! Se você acha que é só abrir a porta e pronto, está redondamente enganado. Um cachorro pode custar anualmente entre R$ 2.000 e R$ 10.000, dependendo do porte e das necessidades. [Fonte: Petz]. Isso sem contar as emergências.
E o latido? Ah, o latido. Uns latem por tédio, outros por ansiedade, outros porque viram uma folha caindo. E, claro, a gente late para avisar que o carteiro é um invasor! Já vi vizinhos enlouquecendo. A ansiedade de separação é um problema real, e pode levar a latidos excessivos, destruição e até xixi e cocô fora do lugar quando o humano sai. [Fonte: Meus Animais].
A adoção é nobre, mas não é conto de fadas. Muitos cães adotados vêm com um passado que deixa marcas: medos, traumas e comportamentos que exigem paciência e muito trabalho. Não é só amor que resolve. É dedicação, treinamento e, muitas vezes, ajuda profissional. A realidade é que um número significativo de animais adotados acaba sendo devolvido aos abrigos ou abandonado, principalmente devido a problemas comportamentais ou falta de adaptação. [Fonte: Apaixonados por Quatro Bichos].
Então, da próxima vez que alguém vier com essa conversa mole de “é só amor”, lembre-se do que eu disse. A convivência com a gente é maravilhosa, sim, mas vem com um pacote completo de desafios, custos e, sim, muita sujeira. É uma bagunça que vale a pena, mas uma bagunça, nonetheless. Não se iluda.
Capítulo 5: A Realidade Crua: Por Que, No Fim das Contas, a Gente se Atura
Olha, vou ser sincero. Depois de um dia aguentando humano, com suas manias e a conta do veterinário que não para de crescer, a gente pensa: por que diabos eu ainda aturo isso? Mas aí, o rabo abana sozinho e a gente lembra do tal “elo inexplicável”. Bobagem? Talvez. Mas, no fim das contas, até eu, Rex, confesso que tem um fundo de verdade nessa história.
A vida, meus caros, é simples. A gente late, a gente come, a gente dorme. E a gente gosta de ter alguém por perto, mesmo que esse alguém derrube a tigela de ração ou te chame de “filhinho” com voz de bebê. A verdade é que, no meio de tanto resmungo, a presença de um humano tem lá seus benefícios. Não me venham com essa de que é só a gente que faz bem a eles. Eles também servem pra alguma coisa, tipo abrir a geladeira e coçar atrás da orelha no ponto certo.
E, por falar em baboseira que funciona, essa tal de “terapia pet”… é, eu sei, revirei os olhos também. Mas o que posso dizer? Essa história de que a gente diminui o estresse e a solidão deles parece ser verdade. Pelo menos é o que dizem por aí. A gente até ajuda a baixar a pressão arterial, sabia? [Fonte: American Heart Association]. Não que eu me importe muito com a pressão deles, mas se me render mais biscoitos, quem sou eu pra reclamar?
No fundo, apesar de toda a sujeira, dos pelos no sofá e daquelas roupas ridículas que eles insistem em nos vestir, a gente se atura porque a vida é melhor com um companheiro. É um arranhão na porta, um latido de bom dia, um cheiro familiar. É a rotina que nos prende, a lealdade que eles juram (e a gente aceita) e o olhar de gratidão quando a gente faz uma festa na chegada deles.
Então, sim, essa baboseira de “terapia pet” funciona. Mas não espalhem por aí. Se eles souberem o poder que têm, vão querer mais. E eu, sinceramente, já tenho trabalho demais só em fingir que não me importo com eles.