
A Terapia Inesperada do Rex: Por Que (e Como) um Bicho Pode Desbagunçar a Sua Cabeça (e a Nossa Vida)
Olha só, pra ser sincero, essa conversa de “terapia inesperada” de bicho é uma dessas coisas que os humanos adoram botar um nome bonito pra algo óbvio. “Desbagunçar a cabeça”? Por que não “parar de pensar bobagem” de uma vez? Eu, Rex, já vi de tudo nesses meus 35 anos caninos, e o que eu posso dizer é o seguinte: a gente não faz terapia. A gente só existe. E, por algum motivo que até hoje me escapa, isso ajuda vocês a não pirarem de vez.
Não me venham com essa de glamour. Ninguém aqui está distribuindo diplomas de psicólogo. Mas a verdade é que, no meio de tanto “coach de positividade” e “meditação quântica”, ter um bicho por perto parece ser uma das poucas coisas que realmente funciona. Por que, afinal?
Primeiro, a rotina. Ah, a bendita rotina! Vocês vivem dizendo que querem paz, mas a vida de vocês é uma bagunça. A gente não. A gente tem hora pra comer, pra passear, pra dormir (que é a melhor parte). E adivinha? Vocês acabam entrando no ritmo. A responsabilidade de cuidar de um de nós força vocês a se mexerem, a terem um propósito além do próximo boleto. Isso ajuda a diminuir o estresse e até a ansiedade, sabia? [Fonte: Mental Health Foundation]. É o que eu chamo de “terapia do despertador biológico”.
Depois, a tal da companhia. Eu sei que pareço um ranzinza de marca maior, mas até eu admito que a presença de um focinho peludo por perto diminui a solidão. Principalmente se você passa muito tempo sozinho. Não tem muito mistério: ter alguém pra conversar (mesmo que a gente só responda com um latido ou um ronco), pra fazer um carinho (se a gente deixar), ou só pra estar ali, já muda muita coisa [Fonte: NIH News in Health]. Não é glamour, é só não estar sozinho.
E o que falar dos passeios? Ah, os passeios! A gente adora. E vocês, humanos, também deveriam. Sair pra rua, sentir o cheiro das coisas, ver gente, se mexer. Isso ajuda a combater a depressão, diminui a pressão arterial e faz um bem danado pro corpo e pra mente [Fonte: CDC]. É o tipo de coisa que a Lupita ia querer transformar em “experiência mindfulness canina”, mas que pra mim é só “andar e cheirar mato”. Funciona. E é de graça.
No final das contas, pode chamar de “terapia inesperada”, de “milagre peludo” ou do que for. Eu só sei que, no meu tempo, a gente era só bicho. E mesmo assim, a gente já fazia essa tal “desbagunça” na cabeça de vocês. A gente não julga, a gente não pede pra você ser produtivo 24 horas por dia, a gente só quer comida, um carinho e um lugar pra tirar uma soneca. E parece que isso é o suficiente pra dar uma acalmada nessa mente de vocês. Então, da próxima vez que você estiver pensando demais, talvez seja a hora de parar de filosofar e só fazer um carinho na gente. Às vezes, o simples é o que funciona. E, se bobear, é até melhor que muita “terapia” por aí.
1. O Contrato do Focinho Molhado: Deixando de Ser Um Zumbi Humano
Ah, os humanos. Sempre procurando um motivo pra ficar grudado no sofá, parecendo zumbis que esqueceram como se usa as pernas. Mas aí, entra em cena o contrato do focinho molhado. Aquele acordo silencioso que a gente, os cães, faz com vocês. E não é pra pedir petisco, não (bom, às vezes é, mas não vem ao caso agora). É pra tirar vocês da inércia.
Nos meus 35 anos em idade canina, já vi muito marmanjo virar gente de novo por causa de um rabo abanando na porta às seis da manhã. As caminhadas matinais? Não são só pra mim, não. São pra vocês também. É um movimento forçado, eu sei, mas é do tipo que faz bem. Vocês acham que são vocês que nos levam pra passear? Bobagem! Somos nós que arrastamos vocês pra fora dessa caverna tecnológica que chamam de casa.
E não é só o corpinho que agradece, não. O isolamento, essa praga moderna, diminui rapidinho quando um peludo te obriga a sair. Vocês esbarram com outros humanos (seja lá o que for que eles façam), trocam umas palavras enquanto a gente cheira o mesmo poste pela décima vez. [Fonte: NIH] De repente, a vida não é só a tela do celular.
O resumo da ópera é este: ter um cão não é só ter um animal de estimação. É ter um despertador ambulante, um personal trainer teimoso e um terapeuta peludo. É um lembrete diário de que a vida acontece lá fora, e não é opcional. Então, da próxima vez que você resmungar por ter que calçar o tênis, lembre-se: eu estou te salvando de virar um móvel. De nada.
2. Late Mais Que a Vizinha Fofoqueira: Conversas Que Curam (ou Pelo Menos Não Julgam)
Olha só, eu já vi de tudo nessa vida canina, e uma coisa é certa: humano é bicho complicado. Fala sozinho, resmunga pelos cantos e, o pior, acha que a gente não entende. Mas a real é que a gente entende. E ouve. E o melhor: não cobra por isso. É a terapia mais barata e eficiente que existe, pode acreditar.
Vocês chegam em casa, jogam a mochila no chão e já começam o monólogo: “Meu chefe é um saco”, “Essa conta não fecha”, “O vizinho fofoqueiro me olhou torto de novo”. E a gente lá, com o focinho apoiado na pata, fazendo cara de paisagem. Mas por dentro, estamos processando tudo. E, pasmem, vocês se sentem melhor depois de botar pra fora [Fonte: American Psychological Association]. Não é porque a gente deu um conselho genial (até porque, o único conselho que tenho é: “dá petisco!”), é porque a gente não julga. A não ser, claro, que você esteja me contando sua desgraça com a mão vazia. Aí, meu amigo, o julgamento é pesado.
Nos meus tempos, a gente latia pra espantar a solidão, não pra ouvir lamúrias. Mas a verdade é que essa tal de solidão pega pesado nos humanos. E ter um par de orelhas peludas pra ouvir faz uma baita diferença [Fonte: Habits For Wellbeing]. A gente não te interrompe pra dar um sermão, não te pergunta “e você fez o quê pra merecer isso?”. A gente só escuta. E talvez, *talvez*, a gente solte um resmungo de solidariedade, tipo “hm, que pena que não tem petisco nessa história”.
Então, se você tá precisando desabafar e tá sem grana pra um divã, pode vir. A gente tá aqui. Só não esquece o pagamento. Em forma de biscoito, claro. Afinal, por mais que a gente cure suas dores, nossa barriga não se enche de emoções.
3. Lambidas e Resmungos: O Antídoto Para a Solidão Humana
Solidão humana? Ah, por favor. É só mais uma dessas frescuras que vocês inventam quando ficam tempo demais grudados naquelas caixas de luz que chamam de celular. Nos meus 35 anos caninos, já vi muito bicho gente se afundar na autopiedade, enquanto a solução estava bem ali, respirando ao lado.
Querem um antídoto de verdade? Peguem um bicho. Simples assim. Não importa se é um vira-lata, um gato persa ou um bulldog rabugento como eu. Quando você tem um peludo por perto, a solidão vai passear. Sempre vai ter um rabo abanando, um focinho gelado te empurrando a mão, ou um ronronar que mais parece um motorzinho quando você para de fazer carinho. E sim, isso ajuda a reduzir significativamente a sensação de isolamento [Fonte: HABRI].
“Ah, mas ele só quer comida!”, vão dizer. E daí? Pelo menos ele *quer* alguma coisa de você, e você não está falando com as paredes. Eu, por exemplo, resmungo, bufo e faço uns barulhos que parecem que o mundo vai acabar só porque o biscoito demorou. Mas acredite, isso é uma forma de comunicação. É a minha maneira de dizer: “Ei, humano, estou aqui! Preste atenção em mim, porque não estou morto nem dormindo!”.
Então, menos drama e mais lambidas, eu digo. Um bicho nunca vai te deixar na mão, a menos que a mão tenha comida. E mesmo assim, é uma questão de prioridade, não de abandono. Deixem a solidão para os personagens de filme; na vida real, com um companheiro de quatro patas, você está sempre na melhor matilha.
4. A Realidade Crua: Nem Tudo é Glamour na Vida de um Pet Terapêutico
Pra ser bem sincero, essa ideia de que ter um pet é só festa, bolinha e carinho na barriga é coisa de quem nunca limpou um tapete vomitado às três da manhã. Ou, pior, pisou num cocô fresco na sala. Ah, mas não me venham com essa de que eu sou ranzinza! Sou é realista, meus caros. Eu já vi de tudo nesses meus 35 anos caninos. E se tem uma coisa que aprendi é que a vida com um cachorro, especialmente um que trabalha como eu, é uma mistura de amor incondicional com perrengues inadiáveis.
As pessoas veem a gente no hospital, com a plaquinha de “Pet Terapêutico”, e acham que é só glamour. Acham que é só chegar, abanar o rabo e receber carinho. Ledo engano. Antes de cada visita, tem todo um preparo. Tem que estar limpo, cheiroso (o que não é fácil para um bulldog como eu, vamos combinar), com as vacinas em dia e o temperamento calibrado. E por falar em temperamento, não é todo dia que a gente acorda com a paciência de Jó para aguentar umas puxadas de orelha mais fortes ou uns abraços apertados demais. A gente também tem nossos dias de mau humor, viu?
E em casa? Ah, em casa a realidade bate forte. Lembro-me bem daquele dia em que o filhote da vizinha, que estava passando um tempo aqui, resolveu usar o sofá como seu banheiro particular. Ou quando, em um acesso de alegria excessiva, derrubei a cafeteira inteira no tapete persa da Carola. Foi um show de latidos e gritos, posso garantir! Acha que é fácil ser cachorro? Não é não.
É preciso ter paciência de monge para nos educar, tempo de sobra para nos levar para passear (e catar nossas necessidades, óbvio), e dinheiro, muito dinheiro, para ração, brinquedos, veterinário, e, sim, para a lavanderia depois de um dia ruim. Não é pra qualquer um, não. No entanto, os benefícios para a saúde mental e física que um animal de estimação pode proporcionar muitas vezes superam esses desafios, conforme já discutido anteriormente [Link Interno: A Terapia Inesperada do Rex].
Mas, apesar de tudo isso, de todos os tapetes estragados, dos móveis roídos na fase de filhote e das contas do veterinário que parecem infinitas, a verdade é que vale a pena. No fim das contas, a alegria de ver um paciente sorrir quando a gente chega, a sensação de ser útil, de fazer a diferença na vida de alguém… Isso não tem preço. E um bom biscoito depois de um dia de trabalho pesado também ajuda, claro.
Então, antes de se jogar nessa aventura de ter um pet, principalmente um que vai trabalhar, pense bem. Não é só fofura e glamour. É trabalho, é paciência, é sujeira, mas é, acima de tudo, um amor que compensa cada perrengue. Pode confiar no velho Rex. Eu já vi isso muitas vezes.
5. Os “Causos” do Rex: Lições de Vida de um Velho Bulldog Sarcástico
Ah, os humanos… sempre nessa correria, né? Com suas agendas apertadas, reuniões infindáveis e aquela cara de preocupação que nem um bom passeio no parque resolve. Eu, Rex, com meus 35 anos caninos de pura observação, já vi de tudo. E posso garantir: vocês podiam aprender muito com a gente. Menos estresse, mais felicidade. Não é rocket science, é só bom senso canino.
Primeiro, essa mania de viver no futuro ou no passado. Que bobagem! A gente, não. A gente vive o agora. Um bom cheiro no poste, uma soneca no sofá, um petisco que cai da mesa… Isso é vida! E sabe o que os cientistas, esses humanos esquisitos que adoram números, dizem? Que ter um bicho como eu ajuda vocês a relaxarem. Parece que a interação com a gente diminui o tal do cortisol – o hormônio do estresse – e ainda por cima aumenta a oxitocina, que é a química do bem-estar. Não é mágica, é só o efeito de um bom focinho e um rabo abanando. [Fonte: Mental Health Foundation]
E essa história de que a gente só quer comida? Balela! Bom, em parte. A gente quer, sim, mas também quer o carinho, a companhia. E vocês, humanos, acham que são só vocês que dão amor, né? Ledo engano. A gente devolve em dobro. Um estudo (lá vêm eles com os estudos de novo) mostrou que ter um pet pode até reduzir a solidão. [Fonte: HABRI] Parem para pensar: quem é que te recebe na porta com a maior festa do mundo, mesmo que você tenha saído por cinco minutos para pegar o jornal? Quem é que te ouve sem te julgar enquanto você desabafa? Pois é. Um bom cão.
Vocês ficam aí pensando em carro novo, em promoção, em não sei o quê. A gente? A gente se contenta com um osso, uma boa coçada na orelha e, quem sabe, uma bolinha. E é essa simplicidade que a gente tenta, na nossa linguagem de latidos e lambidas, ensinar a vocês. A Carola pode vir com os gráficos dela sobre a economia do estresse, mas a verdade, meu caro, é que um bom “au-au” vale mais que mil sessões de terapia. A gente lembra vocês do que realmente importa: o agora, o afeto, a alegria das pequenas coisas. E se isso não é lição de vida, eu não sei o que é. Agora, se me dão licença, tenho uma soneca programada e um sonho de biscoito para realizar.
Fontes
- American Psychological Association – Pet Owners are Happier, Healthier and Better Adjusted, Study Shows
- CDC – Health Benefits of Owning a Pet
- HABRI – The Human-Animal Bond and Social Support
- Habits For Wellbeing – The Power Of Having A Non-Judgmental Listener
- Mental Health Foundation – Pets and Mental Health
- NIH – Pet Ownership and Self-Reported Health: The Mediating Role of Social Support
- NIH News in Health – Pets for Mental Health